quinta-feira, 21 de agosto de 2008

**METADE**


“E que a força no medo que eu tenho, não me impeça de ver o que anseio.

Que a morte de tudo que acredito não me tape os ouvidos e a boca.

Porque metade de mim é o que eu grito, mas a outra metade é silêncio.

Que a música que eu ouço ao longe seja linda ao invés de tristeza.

Que a pessoa que eu amo seja prá sempre amada, mesmo que distante.

Porque metade de mim é partida, a outra metade é saudade.

Que as palavras que eu falo não sejam ouvidas como prece, e nem repetidas com fervor, apenas respeitadas, como a única coisa que resta a um ser inundado de sentimento.

Porque metade de mim é o que eu ouço, e a outra metade é o que calo.

Que essa minha vontade de ir embora se transforme em calma e paz.


Porque metade de mim é o que eu penso, e a outra metade é um vulcão.

Que o medo da solidão se afaste.

Que o convivio comigo mesma se torne ao menos suportável.

Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso, que me lembro ter dado na infância.

Porque metade de mim é a lembrança do que fui, e a outra metade eu não sei.

Que não seja preciso mais do que uma simples alegria, prá me fazer aquietar o espírito.

E, que o teu silêncio me fale cada vez mais.

Porque metade de mim é abrigo, e a outra metade é cansaço.

Que a arte nos aponte uma resposta, mesmo que ela não saiba, e que ninguém a tente complicar. Porque é preciso simplicidade para fazer florescer.

Porque metade de mim é platéia, e a outra metade é canção.

E, que a minha loucura seja perdoada.

Porque metade de mim é Amor, e a outra metade...também!”



(POEMA: Oswaldo Montenegro)

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